Encoprese: sintomas, causas e tratamento

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A encoprese junto com a enurese faz parte dos distúrbios de evacuação. Afetam crianças entre quatro e nove anos, causando desconforto. Neste artigo explicamos o que é, os diferentes tipos de encoprese, bem como a etiologia e os tratamentos mais eficazes.

A encoprese é uma doença que está incluída entre os distúrbios de evacuação junto com enurese. Estas anomalias são caracterizadas pela incapacidade de controlar a passagem de fezes ou urina numa idade em que a criança já deveria ser capaz de fazê-lo.

Em particular, a encoprese define a incapacidade da criança de controlar a evacuação das fezes. Esta falta de controle torna-se um problema quando ocorre em contextos inadequados, seja por falha voluntária ou intencional.

As crianças deveriam ter aprendido a controlar as fezes aos 4 anos de idade. A partir deste momento eles não deverão mais ter problemas de incontinência fecal.

Antes de diagnosticar a encoprese, porém, é necessário ter examinado outras causas, como orgânicas ou médicas, bem como ter considerado os efeitos indesejáveis ​​de uma substância (por exemplo, um laxante) que pode favorecer esta condição .

Soma-se a isso algumas doenças que podem causar descontrole da evacuação fecal como a doença de Hirschsprung (caracterizada pela ausência de movimentos peristálticos = megacólon agangliólico ou uma condição mais simples como a intolerância à lactose.

Encoprese com ou sem constipação

De acordo com os critérios de classificação escolhidos, existem diferentes tipos de encoprese. Do ponto de vista do transbordamento pode ocorrer encoprese com constipação ou incontinência por extravasamento; ou encoprese sem incontinência.

Para diagnosticar esse distúrbio de evacuação, o médico também precisará analisar os exames médicos e o histórico médico da criança. Esses dois tipos de encoprese serão tratados de maneiras distintas.

Encoprese retentiva (com constipação)

No caso da econprese retentiva estamos falando de defecação anormal com numerosos episódios de transbordamento de fezes. Em alguns casos, as crianças com encoprese retentiva vão ao banheiro todos os dias e ainda assim não conseguem defecar.

Os exames médicos são importantes porque o problema pode ser detectado por meio de raio-x. Vários estudos asseguram que a encoprese retentiva geralmente se deve em parte a alterações fisiológicas. De todos os casos de encoprese, aproximadamente 80% são retentivos.

Encoprese não retentiva (sem constipação)

As causas associadas a este tipo de encoprese sem transbordamento podem ser encontradas em má educação, estresse ambiental ou familiar ou comportamento conflitante. No caso de encoprese não retentiva a criança também deve apresentar outros distúrbios, como anti-social ou um distúrbio psicológico importante.

O DSM-5 recomenda a realização de avaliação psiquiátrica para investigação de patologias como transtorno negativista dos derrotados, transtornos comportamentais afetivos e até psicóticos. Por exemplo, a criança pode estar sofrendo de depressão infantil e a encoprese pode ser uma consequência direta.

Encoprese primária e secundária

Outra característica a ter em mente ao diagnosticar encoprese é se a falta de controle da emissão fecal, seja ela contínua ou descontínua. Isso indica que há algumas crianças que nunca conseguem controlar os movimentos intestinais, enquanto outras conseguem fazê-lo por mais de um ano, apenas para depois vê-las retornar. o problema da incontinência.

Este aspecto também é muito importante visto que as causas que podem estimular a encoprese primária e secundária são diferentes. Se a criança nunca aprendeu a controlar a evacuação, o sintoma pode ser considerado um reflexo de uma fixação prematura do desenvolvimento que se torna então fisiológica.

No caso da tipologia secundária – ou seja, quando se aprende e depois desaprende – pode estar associada a fatores ambientais, estresse na escola ou em casa, desconforto e assim por diante. Finalmente, diferentemente da enurese, a encoprese diurna tende a ser mais comum do que a encoprese noturna.

Epidemiologia: quem é mais suscetível à encoprese?

A epidemiologia toma como referência as categorias que tendem a ser mais vulneráveis ​​ao transtorno em questão. A doença encoprese em crianças costuma apresentar algumas variáveis. Depois dos quatro anos de idade tende a ser mais comum em homens. Entre as idades de sete e oito anos, a incidência de encoprese é 15% maior em meninos do que em meninas.

Impacto em crianças e adultos

Pela própria natureza do distúrbio e pela censura que sempre esteve associada à defecação, a encoprese tende a ter forte impacto na criança. Pode vir minar enormemente a sua autoestima e autoconceito já que é um problema muito difícil de esconder na vida cotidiana.

Nas fases de crescimento em que ocorre a encoprese, as crianças já frequentam a escola. Defecar no meio do recreio e não conseguir se conter nas aulas são situações que podem ser extremamente estressantes para a criança.

Também é considerada uma situação difícil para os pais e a tensão familiar tende a aumentar. Isso se torna um problema porque sendo um distúrbio infantil, o resultado do tratamento depende também e sobretudo do apoio dado à criança receberá e da predisposição da família em promover mudanças ou atuar como suporte para terapia em casa.

Etiologia e causas

Encoprese como a maioria dos distúrbios é o resultado da interação de muitos fatores. Esses fatores são fisiológicos e psicológicos. Parece não haver sinais que indiquem causas genéticas.

Entre os fatores fisiológicos podemos encontrar anomalias nutricionais, problemas de crescimento da criança ou controle intestinal insuficiente. Entre as causas psicológicas, a encoprese pode estar associada à facilidade com que a criança se distrai falta de atenção hiperatividade, medo de ir ao banheiro ou defecar associado a dores.

Algumas teorias falam de um déficit de aprendizagem em que os sinais que indicam à criança a vontade de ir ao banheiro não são observáveis ​​por serem estímulos discriminativos. Isso significa que quando ele precisa ir ao banheiro ele não percebe e não vai.

Outras teorias falam sobre aprendizagem estimulada pela prevenção da encoprese retentiva. Ou seja, a criança aprende a segurar as fezes para evitar dor ou ansiedade - ou seja, para reforço negativo – e inicia-se um ciclo de constipação que pode dar origem à encoprese secundária.

No que diz respeito à encoprese não retentiva, estamos falando daquelas crianças que aprenderam a defecar incorretamente. Geralmente são crianças que se distraem e por isso se sujam. Aqui o problema também estaria no controle do esfíncter.

Terapia médica e comportamental

No campo dos tratamentos médicos destacam-se o uso combinado de laxantes e enema. Além disso, deve-se fazer uma mudança na dieta, acrescentando um consumo abundante de fibras e líquidos. Entre as terapias médicas encontramos o Protocolo Levine (1982) que destaca especialmente os aspectos psicoeducativos (explicar à criança através do desenho o que é o cólon, etc.) e em que se joga muito nos incentivos.

No que diz respeito à terapia comportamental, a ênfase está no ensino de hábitos de defecação associados à reorganização do ambiente, controle de estímulos e reforço de comportamentos alternativos. Finalmente existe um programa desenvolvido por Howe e Walker (1992) também baseado no princípio do condicionamento operante.

Conclusões sobre encoprese

As causas da encoprese são de natureza diferente, assim como as suas tipologias. É um distúrbio que pode ser muito desagradável para as crianças, embora possa ser considerado normal por algumas pessoas.

Deixá-los entregues ao seu desconforto, mesmo que possam tratá-lo, é antiético e muitas vezes devemos prestar atenção ao que uma encoprese pode esconder. Pode não ser um distúrbio, mas sim o sintoma de outra patologia. Por esse motivo, avaliações médicas e psicológicas devem ser essenciais.

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