O Homem Areia é uma história do escritor alemão E. T. A. Hoffmann . Sigmund Freud tomou isso como alimento de reflexão para a construção do conceito de estranho (também traduzido como sinistro) na psicanálise. A história também é mencionada pelo psiquiatra francês Jacques Lacan em seu seminário intitulado Angústia .
O Homem Areia é publicado na coleção Contos Noturnos e pertence ao gênero da literatura gótica.
Em psicanálise o estranho é entendido como uma manifestação particular do sentimento mais genérico de angústia. Uma estranheza perturbadora em que algo familiar pode nos parecer estranho e algo estranho pode nos parecer familiar ou ambas as sensações em uníssono.
As emoções reprimidas nunca morrem. Eles são enterrados vivos e sairão da pior maneira possível no futuro.
-Sigmund Freud-
O conceito de estranho nos ajuda a explicar por que os humanos podem alcançar sinta terror por algo que nem existe ou que eles não conhecem. Um exemplo típico deste tipo de medo irracional é o famoso Homem Negro (em alguns países também chamado de Baubau), um monstro fantástico que vive no escuro e que aparece em muitas culturas, por isso não possui uma representação física típica.
Algumas pessoas, no entanto, carregam esse medo do escuro resultante das histórias infantis sobre o Homem Negro até a idade adulta. Mas se todos chegarmos a uma certa idade e percebermos que o monstro não existe, o que essas pessoas realmente temem? Seja o que for, o certo é que o perigo não está fora, mas dentro de nós mesmos.
O Sandman: a história
A história de O Homem Areia narra a infância do protagonista Nathaniel: sua mãe o convence a dormir ameaçando-o com a chegada do Ogro Insabbia para arrancar seus olhos que ainda estão abertos. A mulher depois tenta explicar-lhe que se trata apenas de uma fantasia, mas a sugestão da criança é ainda mais reforçada pelas histórias de uma garçonete.
Segundo a empregada, o ser monstruoso é particularmente malvado e está sempre caçando crianças que não querem dormir. Uma vez encontrado, ele joga punhados de areia em seus olhos até que, devido ao sangramento abundante, eles acabam caindo das órbitas. Neste momento o Ogro da Areia coloca os olhos em um saco e os leva à lua para servir de alimento aos seus filhos.
Nathaniel acaba assim identificando o sandman com um amigo da família que costuma visitar seu pai tarde da noite. Quando o pai morre em circunstâncias misteriosas, o menino atribui a causa àquele ser horrível.
Anos depois, Nathaniel se convence de que o encontrou novamente disfarçado de vendedor de barômetros. Como se não bastasse, no mesmo período ele se apaixona perdidamente pela bela Olímpia que mais tarde se revela um autômato, uma marionete inanimada em todos os sentidos semelhante a uma mulher real.
A absurda tragédia dos acontecimentos faz com que ele mergulhe numa espiral de loucura que rapidamente o leva a um hospital psiquiátrico. Quando o jovem finalmente parece se recuperar durante o período de convalescença mais uma vez ele pensa ter vislumbrado o Ogro da Insabbia no meio da multidão. Chocado e aterrorizado, ele decide num frenesi acabar com isso jogando-se de uma torre.
Análise de Freud
Influenciado pela terrível história Freedual Freedom Elast o conceito de Das Unheimlic traduzido por seus estudiosos como o estranho ou mesmo o sinistro. Seu exame parte antes de tudo de uma análise linguística e etimológica da palavra. Apavorante é exatamente o oposto do que é considerado íntimo e familiar ( Heimlich ); no entanto, após um exame mais atento, também percebemos que o termo alude ao que está oculto e clandestino e contém em si a palavra casa ( lar ).
Através desta análise chegamos ao significado de que Schelling atributos do estranho: tudo o que poderia permanecer oculto e em vez disso veio à tona. A ambigüidade pode ser definida de forma semelhante: o acidente nos é familiar (nos traz de volta à ideia de casa), mas ao mesmo tempo parece misterioso. Por isso, o estranho e a desorientação resultante são uma das muitas formas pelas quais a angústia pode se manifestar.
Freud entende que no estranho opera um mecanismo pelo qual algo familiar se torna estranho. Por outro lado, não é isso que acontece quando alguém morre? Uma pessoa calorosa e vital que de repente se transforma em um cadáver frio e insensível. Além disso, acredita-se que a crença popular numa vida após a morte povoada por espíritos sinistros e fantasmas perturbadores deriva deste sentimento de alienação.
Não O Homem Areia o protagonista tem medo de perder os olhos. Freud associa esse medo ao chamado medo da castração complexo de castração . Ele também encontra uma correspondência clara entre o conceito de repressão e o de estranho: este último nada mais seria do que uma manifestação do reprimido que volta à luz. A conclusão a que finalmente chega é que o que pode ser atribuído à angústia do complexo de castração infantil é perturbador.
