
Cada um de nós tem vários livros ou filmes que recordamos com particular carinho e que de alguma forma marcaram a nossa infância. Hoje queremos falar com você sobre A História Sem Fim. Lendo novamente você pode entender isso é um livro que reflete a depressão infantil e que tem o nada como protagonista.
Através do nada como metáfora da perda da imaginação e da perda da inocência no mundo adulto essa história nos faz entender que crescer não significa necessariamente parar de sonhar.
Por esta razão o nada pode ser visto como uma forma curiosa de explicar crianças o que é depressão. Mas não é a única forma utilizada no livro e no filme. Alertamos aos nossos leitores que a partir deste momento a matéria irá se aprofundar em aspectos do livro e do filme e portanto contém spoilers.

Os atoleiros da tristeza
Bastian, protagonista do livro, é uma criança que sofre profundamente com o desaparecimento de sua mãe.
A única maneira que ele tem de escapar daquele mundo terrível é usar sua imaginação. vida Calma. Uma vida que Bastian viveu quando sua mãe ainda estava lá antes
O nada é aquele vazio terrível que cresce cada vez mais, tornando maior o que se perde. O nada destrói tudo. É nada porque não pode ser substituído por mais nada, é apenas dor. Somente o guerreiro mais corajoso do Reino da Fantasia pode lutar contra o nada: Atreyu. Para tanto, ele viaja por todo o reino até encontrar a resposta nos atoleiros da tristeza.
Os atoleiros da tristeza são o último destino, a última esperança. Aqui se encontra Morla, o ser mais sábio de Fantasia, mas os pântanos são um grande perigo porque quem os atravessa corre o risco de ser invadido pelo tristeza : se isso acontecer aos poucos ele afunda nas águas lamacentas.
Aqui está uma bela metáfora extrapolada do diálogo entre Bastian e Morla: não se deixe levar pela tristeza, ela vai te fazer afundar; você tem que continuar lutando contra a adversidade. Por pior que você se sinta, não desista, caso contrário você irá afundar. E sobretudo, não se deixe levar por quem não possui a alegria da juventude e não para para contemplá-la.

O nada como um inferno interno
Então o nada e a escuridão tomam forma, transformando-se em um lobo chamado Mork. Um lobo que persegue Atreyu para impedi-lo de cumprir sua missão. Um lobo que só aparece nos momentos em que Atreyu perde todas as esperanças.
Assim, o nada é mostrado como o inferno interno do protagonista.
E ele não pode lutar contra nada porque ele não sabe ultrapassar as fronteiras da Fantasia e comunicar a quem está fora dos adultos o que ele realmente precisa. Porque para uma criança enfrentar uma dor real como os adultos é muito complicado e por isso ela cria o seu próprio universo.

Um pouco de esperança pode mudar tudo
–Fantasia pode acordar de seus sonhos novamente se desejar Bastian.
–Quantos desejos posso fazer?
–Todos que você quiser. E quanto mais desejos você expressar, maior se tornará a Fantasia.
-Realmente?
–Experimente.-A história sem fim-
No final, quando nada está prestes a tirar tudo Bastian entende que ele é o protagonista de sua história. Ele entende que ficou triste porque depois da morte de sua mãe foi ele quem mergulhou no atoleiro da tristeza. Foi ele mesmo quem perdeu o seu mundo maravilhoso e foram os adultos, o seu pai e o dono da livraria que não quiseram ouvi-lo e como Morla pediram-lhe que deixasse de ser criança e usasse a imaginação para chegar ao mundo dos adultos.
Mas ele manteve um pingo de esperança e graças a esse nada não poderia tirar todo o seu mundo. Não são as crianças que não entendem o mundo dos adultos, somos nós, adultos, que não entendemos o mundo das crianças. Estes últimos com suas brincadeiras e suas histórias através da imaginação nos aproximam de um universo interno e isso torna a psicologia infantil e as técnicas projetivas muito importantes.
A fantasia é importante para isso porque graças a ela